Cesta básica e salário mínimo: cesta de itens básicos superou o piso salarial
Hoje em dia, a cesta básica compromete mais da metade do salário mínimo em diversos locais, chegando até mesmo a superá-lo.
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A relação entre a cesta básica e o salário mínimo é amplamente avaliada, principalmente ao considerar que ano passado o país atingiu o recorde de pessoas com esse piso salarial. E, o número de brasileiros com essa renda mensal segue representando a maioria.
Dados da LCA Consultores indicam que o Brasil encerrou o ano anterior com 33,8% milhões de profissionais com renda mensal até esse patamar. As informações foram alcançadas tendo como base os indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, a PNAD. Além disso, segundo os dados, se concluiu que em 1 ano, o número cresceu em 12,2%.
Vale notar que, o número abrange trabalhadores que recebem até metade desse piso salarial, sendo neste período, cerca de 10 milhões. Com os aumentos da cesta básica, é uma realidade que carece de ainda maior atenção. Afinal, conforme será visto, em alguns locais o valor da cesta superou o do salário mínimo.
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Por que a cesta básica aumentou?
Antes de compreender a alta na cesta básica e a relação do preço com o piso salarial mínimo, vale abordar do que se trata. Está previsto em lei (nº399, de 1938) que a composição da cesta deve contar com 13 produtos alimentícios e de higiene pessoal. Tais itens devem ser capazes de sustentar um adulto por, no mínimo, um mês. Em meio aos produtos, estão:
- Café;
- Açúcar;
- Óleo;
- Arroz;
- Carne;
- Farinha;
- Leite.
Todavia, é possível encontrar variações entre esses itens segundo cada área do país, em especial, pelas distinções dos hábitos alimentares. E, já faz tempo que o aumento é considerável, mais precisamente, desde o início de 2020.
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Os principais motivos estavam associados com o aumento da demanda por esses itens, a concessão do auxílio emergencial e a alta do dólar. Nesse último caso, a valorização da moeda resultou em maior vantagem para a exportação.
Aliás, fatores climáticos também estiveram ligados com a alta, comprometendo o potencial da produção. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), desde 2008 o salário mínimo não era tão comprometido pelo valor da cesta básica, chegando a 53,45% em 2020 e com o tempo, o percentual só se elevou.
Entenda mais sobre os aumentos mais recentes
Em abril deste ano, por exemplo, o percentual chegou a 67,90% do piso salarial, com informações também do Dieese. Na comparação a maio deste ano com o de 2021, o aumento dos produtos foi de 18%, sendo superior aos 11,7% da inflação oficial (IPCA). Já em junho, se observou o alcance do valor de R$1.226,10 da cesta (em São Paulo), sendo que o salário mínimo é de R$1.212.
Entre os itens que mais aumentaram recentemente, estão cebola, salsicha, muçarela e desodorante em spray. E, alguns dos motivos seguem a mesma linha, porém, é um momento distinto, em que se obteve um maior avanço no enfrentamento da pandemia e o auxílio emergencial foi encerrado.
Nesse cenário, também se pode citar fatores como a elevação no valor das commodities, questões sazonais e climáticas e a oscilação do dólar. Inclusive, a elevação do preço dos combustíveis também afeta esse cenário, uma vez que impacta indiretamente no preço final, por estar associado com a distribuição dos alimentos, entre outras questões.
Soma-se a esse contexto um dado importante, que neste ano, há cerca de 14 milhões de brasileiros a mais no patamar de insegurança alimentar grave ao comparar com 2020. Os dados são da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.
O aumento da cesta básica e salário mínimo
Naturalmente, neste conteúdo é de grande importância compreender não apenas o aumento da cesta básica, como também o do salário mínimo. Por mais que em São Paulo o valor tenha superado o piso salarial, não foi em todos os locais que isso ocorreu. Ainda assim, a média consome mais da metade do valor.
A quantia em questão, conforme dados anteriores, se refere a R$1.212. Em junho, ocorreu a aprovação, na Câmara dos Deputados, da medida provisória que fixou o valor. Na realidade, não houve aumento para os trabalhadores, apenas a correção inflacionária.
Além disso, a promulgação da lei 1.091/2021 ocorreu no início de junho. O valor condiz a R$40,40 por dia, enquanto por hora trabalhada, corresponde a R$5,51. Ocorreram diversas discussões a respeito, inclusive, a tentativa de negociação para R$1.300 no segundo semestre, porém, foi algo negado pelo Ministério da Economia, com indicação de que o impacto seria de mais de R$16 bilhões até o final do ano.
Enquanto os preços seguem aumentando, principalmente ao falar da relação entre a cesta básica e salário mínimo, as pessoas buscam cada vez mais formas de adaptação. No entanto, muitas vezes isso abrange substituir ou até mesmo excluir certos itens da lista de compras. Desse modo, resta acompanhar as atualizações nesse sentido, inclusive de iniciativas sociais que visam amenizar o tanto que o poder de compra está comprometido.