Esposas de aluguel: rede de profissionais autônomos - INFOCU

Esposas de aluguel: rede de profissionais autônomos

A rede representa oportunidades de renda para profissionais autônomos negros, LGTBTQIA+ e indígenas na área de manutenção.

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esposas de aluguel
Fonte: Uol/ Flavia Santos

No decorrer da pandemia, muitas pessoas precisaram recorrer a outros caminhos para não ficarem sem renda. Com isso, diferentes iniciativas surgiram, entre elas, o “Esposas de Aluguel”, que condiz a rede de profissionais autônomos indígenas, LGBTQIA+ e negros.

Antes dessa iniciativa, Cassis Guariniçara, multiartista indígena recorreu a uma alternativa que se tornou ainda mais comum devido a pandemia: grupos de redes sociais. A seguir, confira mais sobre a criação dessa rede e a recuperação do mercado de trabalho.

Saiba mais sobre a criação do grupo Esposas de Aluguel

Em meio a pandemia, para obter trabalho e lidar com a depressão, Cassis, de 28 anos, começou a disponibilizar serviços de manutenção residencial e comercial, incluindo pintura. Nos grupos do Facebook, direcionados para pautas LGBTQIA+, conseguiu oportunidades.

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Foi nesse cenário que a profissional criou a rede “Esposas de Aluguel” em 2020. E, ao longo de dois anos, liga outras pessoas com oportunidades, sendo uma forma de complemento de renda dos integrantes. 

A respeito do nome, a criadora explica que é uma provocação a partir de um cenário em que na área de manutenção, predominam os homens heterossexuais. Certamente, você já ouviu a expressão “isso é serviço de homem”, entre outras frases comuns. Enquanto isso, também é uma contraposição ao termo “marido de aluguel”.

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A iniciativa já contou com a participação de 15 pessoas, como do artista plástico Felipe Chianca, que integra a comunidade LGBTQIA+ e já foi vítima de episódios de homofobia em oportunidades de trabalho anteriores. Ao projeto colaborativo Plural, do UOL, contou que a rede é um meio que viabiliza diversas oportunidades, com abertura para minorias. 

Inclusive, explicou que homens já enviaram mensagem perguntando se é algo relacionado a prostituição. Isso impactou a forma de funcionamento da rede, o que será abordado de forma mais ampla em outro tópico.

Além disso, naturalmente, para um entendimento mais claro da importância dessa ação, é interessante abordar alguns conceitos, entre eles, o de minoria. Antes, saiba que, há falta de um consenso absoluto a respeito.

Entretanto, o sociólogo Mendes Chaves traz uma definição interessante, em que diz que minoria se refere a um “grupo de pessoas (…) que se encontra numa situação de dependência ou desvantagem em relação a um outro grupo”. Vale ressaltar que não é necessariamente sobre quantidade. Além disso, comportamentos de discriminação e de preconceito também afetam essas pessoas.

Conheça mais informações sobre o funcionamento da rede

Para que casos de preconceito possam ser evitados, entre outras situações negativas, Cassis criou uma regra interessante para o “Esposas de Aluguel”. Ao ter um trabalho fechado, o perfil dos profissionais e propósito da rede são abordados. 

Os serviços são realizados na Região Metropolitana de São Paulo, sendo opções de manutenção residencial e comercial, o que abrange tanto a parte hidráulica quanto a elétrica. Ainda mais, atividades de decoração, demolição e alvenaria também são realizadas.

Já a respeito dos orçamentos, ao longo da trajetória da rede, a multiartista obteve conhecimento sobre como chegar aos valores, com o uso de tabelas com preços padronizados para as atividades. Sendo assim, tudo depende do teor do trabalho, sendo que a quantia também abrange alimentação e transporte.

Há ainda a chance de destinar uma parte do orçamento para a aquisição de ferramentas caso precise. A partir disso, ficam para a utilização coletiva.

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Fonte: Freepik

De acordo com a entrevista ao UOL, entre os próximos passos da rede “Esposas de aluguel”, pode estar a formalização da iniciativa a partir da abertura do CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica).

Mais informações sobre a recuperação do mercado de trabalho

O encerramento de outubro de 2020 se deu com a taxa de desemprego em 14%, sendo 13,5 milhões de desempregados. Nesse período, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14 estados contaram com uma taxa superior à média nacional.

Foi apenas com as medidas de enfrentamento que o cenário passou a mudar ao longo do tempo. E, não se pode dizer que a recuperação já ocorreu. Aliás, se nota que é algo que ocorre de forma desigual.

De acordo com Sérgio Firpo, economista e professor do Insper, políticas públicas que amenizem essa desigualdade de oportunidades no país deveriam ter uma prioridade maior.

Com isso, informações do IBGE apontam também que, nas famílias que vivem com até metade de um salário mínimo, se incide uma taxa de desemprego de 21%, já na faixa de renda acima, o percentual reduz para 6%. Parte das questões que envolvem essa desigualdade estão na qualificação.

Sendo assim, redes como o “Esposas de Aluguel” ocupam um espaço de grande importância para abrir oportunidades para minorias. Todavia, outras questões devem ser tratadas para que esses caminhos se tornem cada vez mais acessíveis.

Nathalia Oliveira

Graduada em Jornalismo especializada em SEO, finanças e redação de artigos. Sou apaixonada por contribuir com o crescimento pessoal e financeiro das pessoas.

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