Crise dos 25 anos: somos mesmo um fracasso?

Crise dos 25 anos: por que nos sentimos fracassados em nossa vida pessoal e profissional?

A entrada na casa dos 20 pode ser um marco de passagem da adolescência à vida adulta, mas como ficam as crises?

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Crise dos 25 anos
Fonte: Freepik

Chegou aos 25 anos e foi tomado pela crise existencial, não é mesmo? Neste exato momento, talvez há 25 anos, seus pais já estavam lidando com a maternidade, já teriam, quiçá, dado entrada na casa própria e estariam eles com uma vida financeira estruturada.

Em contrapartida, hoje, com a mesma idade, você se vê perdido, sem saber ao certo que profissão seguir e sem condições alguma para adquirir bens que possam te gerar estabilidade. 

Talvez isto possa te consolar: a maioria dos brasileiros nesta faixa etária está nas mesmas condições que você. Afinal, segundo o LinkedIn, a crise dos 25 anos tem assolado cerca de 80% dos brasileiros na casa dos 25 aos 33 anos.

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Aliás, segundo a mesma pesquisa, as maiores causas para tal crise, diz respeito a ansiedade da concretização do sonho da casa própria (67%); a dificuldade de se relacionar (75%) e ainda os temores com o endividamento (37%)

Embora muitos estejam vivendo as mesmas angústias, o que pouco se tem falado é que as verdadeiras causas da crise dos 25 anos são de ordem econômica. Vejamos mais a seguir!

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Anos de crise: a dificuldade de se tornar adulto

Há 5 anos, onde você se via quando chegasse aos 25 anos? Talvez com uma carreira promissora, com o diploma pendurado na parede, uma oferta de trabalho sólida, a casa própria e o amor da sua vida ao lado, certo?

Onde você está hoje? Talvez não esteja onde gostaria de chegar e isso tem te causado sérias crises existenciais. Até mesmo porque os 25 anos parece aquele momento “umbral” da existência em que não se é nem criança para se esconder debaixo da cama, tampouco adulto.

Isso mesmo, olhamos para os adultos das gerações que nos antecederam e percebemos que estes adultos conquistaram aquilo que ainda não conquistamos. Seja a independência financeira, a casa própria e a realização profissional.

Vemo-nos pensando em nosso futuro, mas o futuro já chegou. E ao menos que você tenha síndrome de Peter Pan, não tem mais essa de “o que eu vou fazer quando crescer?”. Você cresceu, nós crescemos. 

Mas, calma, está tudo bem! Entre crises de identidade e financeira, a casa dos 20 pode ser o fluxo etário mais difícil de se passar. Isso porque a pressão social para a construção daquele jovem adulto ideal pode levar muitos de nós a insatisfação com quem de fato somos e com o que de fato temos.

A verdade é que nos sentimos muito velhos para mudar a rota e recomeçar tudo do zero. Muitos de nós já temos até diplomas, quem aguentaria mais 5 anos dentro de uma universidade, não é mesmo? Mas, ao mesmo tempo, nos sentimos jovens demais, com a vida inteira pela frente, para nos sentirmos assim tão desanimados com a vida.

No entanto, se a maioria de nós, que está passando pela crise dos 25 anos tem acesso ao ensino superior, qualificações profissionais e a vontade de ser independente financeiramente, por que não conseguimos?

Geração canguru e os efeitos da crise econômica

Crise dos 25 anos
Fonte: Freepik

Precisamos compreender que os dias de hoje estão bem distantes da época dos 25 anos de nossos pais. Aliás, independência  financeira, casa própria e estabilidade emocional nos parecem distantes devido à propulsão de um cenário econômico nada favorável.

A começar pelo fato de que as taxas de desemprego no Brasil são alarmantes. Embora a queda seja de 10% no último trimestre, as oscilações a impulsionam as vezes para a casa dos 13%. 

Sem contar ainda no aumento da inflação, com projeções nada felizes para o ano de 2022, a inflação tem desvalorizado ao máximo o nosso poder de compra. Os resultados? Bem, produtos cada vez mais caros, o que dificulta a saída de muitos de nós da casa dos pais.

Aliás, jovens como nós, entre os 25 a 34 anos que ainda moram com os pais são chamados de geração canguru. Uma alcunha nada carinhosa, mas que tende a nomear este movimento de estar ainda sobre o teto dos nossos não mais responsáveis.

No entanto, com o aumento do desemprego atrelado a alta da taxa Selic, chegando a 12%, quem de nós ousaria financiar uma casa hoje em dia? Os financiamentos estão mais caros e a renda média dos brasileiros caiu em 20%, tornando o sonho da casa própria um devaneio.

Tempos sombrios: você ousaria comprar um carro?

Além do imóvel, outro passivo que sofreu um aumento exponencial do preço foi o automóvel. Assim, se antes os jovens sonhavam com tirar a carta de motorista, o sonho parece um pesadelo, se considerarmos que o preço da CNH é quase um salário mínimo. 

Somado a isso, o preço dos carros aumentou em  21%, devido à escassez dos semicondutores. Que tal um carro usado? Bem, estes valorizaram tanto devido à baixa da produção do setor automobilístico, com o salto do preço em 40,5%. 

Sem contar no alto preço da gasolina, impulsionado pelo aumento do preço dos barris de petróleo. Assim, a nossa realidade econômica parece nos mostrar que a falta de condições para chegar até a sonhada independência diz muito sobre a saúde econômica de nosso país como um todo.

Calma, você não é um fracassado!

Percebemos assim que todos esses fatores em confluência só demonstram que a situação nacional não é das melhores. E a falta de independência de nós, jovens adultos em crise dos 25 anos, diz mais sobre a economia de nosso país e menos sobre nossos problemas internos.

Refletir sobre as nossas questões internas e criar estratégias para chegarmos lá (independentemente de qual seja o seu objetivo) é essencial, mas não tudo. Precisamos entender que nem tudo depende de nossos esforços.

Além de introjetar em nossa mente que nem tudo está ao nosso controle, precisamos compreender que não somos um fracasso por não estar onde nossos pais estavam há 25 anos. Os tempos são outros, a economia é outra e, principalmente, nós somos outros.

Gabriel Mello

Mestre em Filosofia e doutorando em Letras. Especialista em SEO, atua há 3 anos com planejamento, produção e revisão textual, garantindo a entrega de um conteúdo relevante e de impacto para e-commerce e e-business.

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