Home office e pessoas com deficiência: modalidade é um pré-requisito para 80% dos casos
Grande parte das pessoas com deficiência preferem o home office e no geral, é um cenário que merece grande atenção das empresas.
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No início de julho, a organização britânica Work Foundation divulgou um relatório interessante acerca da relação do home office e pessoas com deficiência. De uma forma ainda mais precisa, o estudo explorou os diferentes pontos e mudanças do trabalho remoto e da modalidade híbrida.
Tais modalidades se tornaram ainda mais comuns no período da pandemia e, com o enfrentamento do coronavírus em meio a cobertura vacinal mais ampla, muitas empresas ainda trabalham de forma remota ou contam com a opção híbrida.
De qualquer forma, é importante olhar quais são os impactos dessas mudanças nesses trabalhadores. Afinal, contribui com que um melhor entendimento sobre as condições do mercado de trabalho exista.
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Entenda melhor a pesquisa e essa relação do home office e pessoas com deficiência
A relação do home office e pessoas com deficiência foi abordada de diferentes perspectivas no estudo, no qual 406 trabalhadores com diferentes condições passaram por uma entrevista. Aliás, a partir dos dados, se observou que 80% apontam a modalidade híbrida ou remota como um pré-requisito de uma posição nova no mercado de trabalho, sendo algo considerado como “muito importante” ou “essencial”.
Além disso, mais da metade dos entrevistados (66%) indicaram que, em uma realidade ideal, desejariam ficar onde residem de 80% a 100% do período de trabalho.
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O que se mostrou como um problema?
Há alguns pontos que merecem atenção nesse cenário, que envolvem, inclusive, possíveis promoções e aumentos. Se por um lado a preferência está amplamente associada com questões de praticidade, por outro, há o receio de que os funcionários que frequentam o escritório tenham maiores chances de receberem promoções, pelo maior destaque que pode existir.
Certamente, essas pessoas podem enfrentar maiores dificuldades nos deslocamentos no dia a dia. Além disso, locais que não são devidamente adaptados também podem apresentar condições mais complexas.
Além desses pontos, a forma negativa por parte das empresas de encarar esse cenário também intensifica os problemas. Isso resulta no aumento da desigualdade salarial entre pessoas com e sem deficiência, além de algumas empresas que ainda apresentam relutância em atender pedidos de melhorias de condições de empregados PcD.
Aliás, no Brasil também há números que expressam uma porcentagem baixa de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. A seguir, será possível saber mais a respeito desse ponto.
Além da relação do home office e pessoas com deficiência física, qual é o estado do mercado de trabalho?
Certamente, nesse cenário também é interessante observar o mercado de trabalho de uma forma mais abrangente. Com a pesquisa anteriormente citada, já foi possível identificar algumas questões que merecem atenção e que justificam a preferência pelo home office.
Em outubro se celebra o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Física, que tem como proposta a conscientização da sociedade a respeito dos direitos dessas pessoas. E, a consultoria de diversidade Gestão Kairós fez um relatório com o nome Diversidade, Representatividade e Percepção – Censo Multissetorial 2022, no qual informações de grande importância foram levantadas.
No geral, foi possível observar o quanto é necessário avançar nesse tema. Dados de áreas como o Mercado Financeiro, Metalurgia, Atacado e Varejo e Agronegócio, considerando 45 mil profissionais, foram levantados. Sendo que, os profissionais PcD condizem somente com 2,7% do quadro de colaboradores destes locais.
Todavia, se considerar a Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência, a partir do contexto em que grande parte das empresas que integraram o relatório contam com mais de 1001 colaboradores, a porcentagem de funcionários PcD deveria ser de 5%.
Tal lei foi criada no ano de 1991. Desde a sua aplicação, às empresas que têm a partir de 100 colaboradores devem contar de 2% a 5% destes profissionais. No entanto, muitos negócios ainda não alcançam essas porcentagens. Ainda mais, ainda optam por pagar multas por não atenderem a legislação vigente.
Conheça mais dados cruciais nesse cenário
Nesse contexto, outro ponto que merece destaque no relatório é que as mulheres são a minoria entre as pessoas PcD empregadas. O censo pontuou que o número de mulheres PcD no mercado de trabalho é 4 vezes menor do que o de homens.
Ao considerar os tipos de deficiência declaradas como mais recorrentes nas corporações, o primeiro lugar das autodeclarações fica por conta da deficiência física, com 41%. Enquanto isso, a deficiência visual condiz a 16,9% e a auditiva, a 13,3%.
Com as informações acima, é preciso considerar que tais profissionais ainda enfrentam grandes barreiras. Isso não apenas quando se trata da relação do home office e pessoas com deficiência, mas no mercado de trabalho no geral. Por isso, é de grande importância que exista maior engajamento e inclusão por parte das empresas e sociedade como um todo.